Pela primeira vez, o Censo Demográfico 2022 incluiu em sua pesquisa dados sobre o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) entre os brasileiros. Os primeiros resultados foram apresentados semana ada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram que em Ponta Grossa, naquele ano, havia 3.940 pessoas diagnosticadas com TEA.
O número representa 1,1% da população total do município. O índice está ligeiramente abaixo da média estadual e nacional, ambas estimadas em 1,2%.
Autismo em PG
Para o neuropsicopedagogo Leonardo Costa, que atua em Ponta Grossa, a inclusão dos dados no Censo representa um avanço no reconhecimento das demandas da população com TEA. No entanto, ele alerta que os números podem estar subnotificados, especialmente em cidades menores.
“O diagnóstico de autismo depende do o a profissionais qualificados e de um olhar atento para o reconhecimento dos sinais, o que nem sempre acontece, sobretudo em cidades menores”, afirma.
Homens são a maioria
Em todo o país, o Censo identificou 2,4 milhões de brasileiros com diagnóstico de autismo, sendo 1,5% homens (1,4 milhão) e 0,9% mulheres (1 milhão). Essa diferença também se reflete nos dados estaduais: no Paraná, 1,5% dos homens e 0,9% das mulheres relataram ter recebido o diagnóstico. O estado ocupa a 13ª posição no ranking nacional de prevalência.
Leonardo observa um aumento na busca por avaliações focadas no neurodesenvolvimento e por intervenções comportamentais, especialmente em casos já diagnosticados com TEA.
Diagnóstico precoce e vida escolar

Leonardo Costa é neuropsicopedagogo
Outro dado revelado pelo Censo é o perfil etário predominante dos diagnósticos, concentrado na faixa de 6 a 14 anos — período que coincide com o início da vida escolar.
“Diversos fatores contribuem para que a maioria dos diagnósticos aconteça nesse período. Muitas vezes, os sinais mais evidentes do autismo só se tornam perceptíveis com o início da vida escolar, quando as interações sociais são mais exigidas”, analisa Leonardo.
Ele reforça que a identificação precoce é fundamental para garantir o desenvolvimento saudável e a inclusão social. “Quanto mais cedo identificarmos o TEA, maiores são as chances de promover um desenvolvimento mais saudável e inclusivo. A identificação precoce é a porta de entrada para garantir os direitos dessas crianças e melhorar significativamente sua qualidade de vida”, conclui.
Confira a tabela completa de diagnóstico de TEA nos Campos Gerais:
Cidade | TEA % | População total | População com TEA |
Paraná | 1,20% | 11.444.380 | 137.332 |
Ponta Grossa | 1,10% | 358.371 | 3.942 |
Arapoti | 0,90% | 25.777 | 232 |
Carambeí | 1,20% | 23.283 | 279 |
Castro | 1,10% | 73.075 | 804 |
Curiúva | 0,70% | 13.647 | 96 |
Imbaú | 0,70% | 14.249 | 100 |
Ipiranga | 0,40% | 14.142 | 57 |
Ivaí | 0,70% | 13.229 | 93 |
Jaguariaíva | 1% | 35.141 | 351 |
Ortigueira | 0,70% | 24.192 | 169 |
Palmeira | 0,50% | 33.855 | 169 |
Pirai do Sul | 0,60% | 23.651 | 142 |
Porto Amazonas | 1,30% | 4.098 | 53 |
Reserva | 1,80% | 24.573 | 442 |
São João do Triunfo | 0,70% | 13.726 | 96 |
Sengés | 0,80% | 17.270 | 138 |
Telêmaco Borba | 1% | 75.042 | 750 |
Tibagi | 1,10% | 19.961 | 220 |
Ventania | 0,90% | 9.681 | 87 |
Fonte: Censo 2022 / IBGE
Com Assessorias